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terça-feira, janeiro 27, 2004

Politicamente correcto 

Gostava de estabelecer uma série de parâmetros para uma nova crítica de arquitectura, hoje em dia quase institucionalizada, com algumas honrosas excepções.

Que legitimidade tenho para o fazer? Nenhuma, mas arrogo-me a esse direito enquanto amante de arquitectura. Acredito que todos os que se pronunciam sobre esta arte nos media têm maior bagagem, capacidade analítica e cultura arquitectónica e urbanística que eu. Até os profs. Marcelo Rebelo de Sousa e Eduardo Prado Coelho, porque nasceram dotados de uma omnisciência quase divina.

Por expressa incapacidade de crítica decidi enumerar tópicos que me enervam profundamente na maioria das publicações de arquitectura.

1. Criticar não é descrever, mas emitir um juízo sobre essa descrição;
2. Criticar implica analisar uma obra no contexto em que se insere, que motivações estão por detrás da sua realização, que ideias foi buscar e em que sítios foram encontradas;
3. Criticar não é só apontar as virtudes de um projecto, deixando as falhas nas entrelinhas;
4. Nem todos os arquitectos são bons;
5. Nem tudo o que os grandes arquitectos projectam é bom, sem isso implicar que não sejam grandes arquitectos;
6. Nem todos os projectos com modelos tridimensionais complexos são inovadores a nível de conteúdo edificado (muitas vezes, aliás, são repetições de tipologias mais que clássicas com operações cosméticas de apresentação);
7. Nem todos os projectos publicados são bons;
8. Um projecto não pode ser apresentado através de fotografias de pormenores de desenho, mas estes devem aparecer enquanto complemento (se necessário);

Este pequeno comentário visa apenas pôr a nú as relações perigosas entre arquitectos e os media e o regime de auto-promoção de alguma arquitectura por este Mundo fora.

Talvez fosse melhor os arquitectos darem a conhecer a sua obra ao público geral em vez de viverem num mundinho fechado, a coçarem as costas uns aos outros.

Quem discordar do que aqui foi escrito, que o diga. Provavelmente tem mais razão que eu.


J.Mendes

sexta-feira, janeiro 23, 2004

Inquietação 2 

Gostava que me desenhassem um corte e uma planta da poética do espaço.
À escala 1:500, para se perceber a implantação.


J.Mendes

quinta-feira, janeiro 22, 2004

Reorganização 

A pedido de várias famílias decidi dividir o Admirável Mundo Novo em duas partes.....a bem de não adormecerem nos locais de trabalho.

Infelizmente, o blogger não me deixa editar as notas de rodapé do primeiro texto....assim as referências continuam escrutinadas nesse mesmo texto.


JMendes

Admirável Mundo Novo 2 

Parece inegável o poder das imagens no nosso tempo, de mais imediata e fácil apreensão que o verbo, até há muito pouco considerado universal e intemporal.

Neil Leach, em La an-estética de la arquitectura (2) fala de um esvaziamento de significado das imagens criado pela sua própria saturação, contrariando o princípio de que a informação produz conteúdo, mas sim uma hiper-realidade que paira por cima do mundo real, regida por regras próprias.

Essa hiper-realidade não é, no entanto, completamente independente da realidade, já que tem o condão de a alterar segundo as imagens que produz.

Um excelente exemplo surge num talk show americano, onde o apresentador sai à rua para perguntar aos transeuntes se sabem onde fica o Reino Unido.

Duas jovens universitárias respondem que fica na Disneylândia.....

Leach, parafraseando Baudrillard explica que o significado do parque temático do império Disney consegue outorgar autoridade ao mundo seu exterior pelo contraste que apresenta face ao segundo, onde o hiper-real se torna real por ser uma réplica dos valores aceites pelos americanos, aceitando a população essa falácia.

Afirma Eco que as diferenças de atitude fruitiva podem influir sobre o valor do produto fruído(3), o que não parece ser totalmente verdade tendo em conta que a falta de conteúdo informativo ou simbólico de uma imagem não poderá aparentemente ser analisada de outra maneira que não a do grau visível.

What you see is what you get

Entra-se então no ambíguo universo da arquitectura de Daniel Libeskind, por um lado, e dos MVRDV, por outro.

No primeiro existe tanto uma tentativa de adequação de uma imagem espacial a uma simbologia eminentemente judaica e o inverso ao mesmo tempo.

Adapta-se o espaço à ideia ou a ideia ao espaço?

No Museu Judeu em Berlim o corpo é violado por tensões e horrores, solidão e angústia ao ponto da psicose(numa tradução leve do impacto que o Holocausto terá causado nas populações judaicas), sendo o visitante confrontado com medos e temores (haverá algo mais aterrador que uma sala escura, vazia, onde apenas se perscruta um mundo exterior por uma ténue luz e o som da vida que não é nossa? Onde cada um se confronta com os seus demónios........talvez só a luz me instigue mais medo que a escuridão.....), vertigens e incómodos, sonhos e fobias.

Alterna-se a claustrofobia com a vertigem com a agorafobia com a solidão com a dor com a libertação num dinamismo ímpar; o corpo é alterado pelo espaço.

"E todos os espaços das nossas solidões passadas, os espaços em que sofremos a solidão, comprometemos a solidão, desfrutamos a solidão, são indeléveis e nós"(4)

O projecto para as Torres Gémeas aparece com um sentido de prepotência que vai para lá da noção de renascimento ("construíremos mais e melhor do que destruíram").

Será que não se usou o pretexto da simbologia da reconstrução para apenas demonstrar de forma muito superficial que as feridas sararam?

What you feel is what you don't see

No caso do atelier holandês, a imagem é construída por processos de racionalização dos dados do problema.

O espaço surge não da simbologia que acarreta, mas da definição de prioridades urbanísticas, funcionais e técnicas, sem que isso afecte a composição num elemento burocrático.

As suas construções não são um espelho da realidade, mas o real em si.....

What reality means is what you get

Voltando ao princípio, como então se traduz uma realidade num sítio quando a primeira não existe?

quarta-feira, janeiro 21, 2004

De volta 

Como qualquer bom português, quando as coisas falham num sítio, vamos para a concorrência.
O servidor de comentários agora é o Haloscan e gostávamos de pedir desculpa a todos os que tinham feito comentários pelo enetation, dad terem sido apagados.
Só falta acertar o tamanho da letra do link para os comentários, mas isso logo se tratará.

Cumprimentos, a gerência

Falha Técnica 2 

Agora é de vez.....vamos matar os senhores do enetation porque ninguém consegue comentar os textos.....esperamos corrigir essa falha já hoje.

Luzes 

É um texto sobre nada.

Em criança ficava embevecido com um relato algo sobrenatural que os meus pais faziam sobre uma das tradicionais viagens de férias a Portalegre.

Contavam eles que uma noite, estando eu e a minha irmã no banco traseiro do automóvel avistámos uma luz atrás de nós, fora do carro. Segundo dissemos (o que a idade faz à memória...) era uma luz linda, extremamente brilhante, que flutuava, mudando de direcção com grande facilidade.

Por volta da mesma altura recordo-me de outra cena, igualmente insólita, novamente a caminho de Portalegre. Ao cruzar pela Estrada Nacional vimos um clarão que caía sobre a terra. Momentos mais tarde encontrámos os meus avós maternos, com o carro parado no meio do nada, a olhar fixamente para o céu. Tinham avistado um OVNI, diziam, e eu, por respeito aos meus familiares e crença absoluta na hipótese de vida noutros sítios que não este pequeno planeta, gravei a imagem na cabeça.

Durante anos o meu raciocínio oscilou entre achar que teria vindo de outro planeta (e de tempos a tempos os meus conterrâneos visitavam-me para saber como me corria a vida, olhando sempre à distância, não os fossem reconhecer) ou que seriam os meus pais os extra-terrestres.

Asseguro que ambos são pessoas normalíssimas, mas, como qualquer criança com imaginação fértil, achava muito mais interessante que um dia eles despissem a pele humana e se transformassem em dinossáurios que falassem como nós, vindos do mais longínquo da galáxia Não por ter medo disso, mas pela satisfação pessoal de conhecer alienígenas, ainda por cima parentes meus!

Continuo a acreditar em qualquer uma das hipóteses e sem saber se sonhei com tudo isto.

Anos mais tarde, numas férias de Verão na Escócia, ao entrar numa igreja voltei a ter essa mesma sensação de espanto. A dita igreja tinha três naves, sendo a separação feita por arcos de volta inteira. As paredes e colunas de granito cinza, esverdeado pelo tempo, eram de uma solidez ímpar, para isso ajudando também a penumbra em que se encontrava o interior. Tudo parecia brotar do chão, mais do que ter pousado naquele sítio.

Foi então que me chamou a atenção.Na cabeceira, por trás do altar, mais alta que o horizonte, estava uma rosácea de pedra pela qual entrava um raio de luz que incidia directamente na mesa de celebração da missa.

Não sou uma pessoa religiosa, muito longe disso, mas o adjectivo que melhor descreve o que vi é "divino".
Passei todo o tempo dentro da igreja a rodear o raio de luz, hesitante, com medo de lhe tocar, não me fosse queimar pela sua pureza.

A primeira vez que fui ao Instituto do Mundo Árabe de Jean Nouvel não soube o que pensar dos diafragmas colocados por trás do pano de vidro exterior. A iluminação diáfana, muito subtil, de todo o edifício, mantido num quase oscurecimento, em que a luz nos envolve na sua subliminar e delicada doçura cria um imaginário de sombras seguras (porque nem toda a escuridão é má) e abraça-nos, seguros de que nenhum mal nos acontecerá enquanto ali estivermos.

Sant'Ivo alla Sapienza, de Borromini, onde tudo é artifício e a luz se calhar também não existe.

O anúncio da DOSHA numa empena da Avenida da Boavista, com neons sedutores......

Repito, não sei mesmo se não sonhei com tudo isto.....


J.Mendes

terça-feira, janeiro 20, 2004

Inquietação 

E se esta for mesmo a vida sonhada dos anjos?...


João Mendes

segunda-feira, janeiro 19, 2004

Admirável Mundo Novo 1 

"This is the New World. Welcome. I live in the New World. I like it here. I go exploring every chance I get. Tonight I would like you to join me. Think of it as a scientific mission. It won't take much effort on your part -- the New World is easy to look at, it is practically voyeuristic.

Tonight, I will be your guide. I will lead you on your journey. You will examine the goods as best you can. You will savor. You will absorb. And I will make my trenchant and illuminating observations.

So...the New World. What is it?

Well, first of all, people live here. They have dreams and fears, hopes and hates. They love and they fight, they go to work, they drive cars, and very often they kill each other. They chew, they digest, they defecate.

Each one takes center stage in his or her drama, absolutely certain that he or she is living an unrevocable truth. "This is really happening!" they say to themselves all day long, as they watch the other New World dwellers, some near, some far away, going through their own motions. People in the New World watch a lot of television, so they can watch as many other people, as often as possible.

Two people fall in love, and then a TV show is made about two people falling in love and another two people watch the TV show, learn what to do and fall in love and a TV show is made about those two people. And then the pattern is repeated, over and over, layers and layers of reality and fantasy are sandwiched together until it is pretty hard to tell which is which. A new reality is created by the consensus of millions.

Waves of emotion and waves of electronic emission comingle and modulate one another, like a crazy martial arts dance in which two enemies try to imitate each other, trying to get the upper hand. This is my place, this is where I live - somewhere between real and fictitious, between death and dream.

So, come on! Enter and contribute your hopes and fears. Sit back, relax and come with me...
"(1)


J.Mendes

(1) Bogosian, Eric; excerto de New World; Theatre Communications Group, 1993;
(2) Leach, Neil; La an-estética de la arquitectura, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, 2001;
(3) Eco, Umberto; Apocalípticos e Integrados; Difel, Lisboa, 1991;
(4) Bachelard, Gaston; A Poética do Espaço; Martins Fontes, São Paulo, 1998;

sexta-feira, janeiro 16, 2004

" and remenber lads, hand drawing is the next autocad"
citando Tom O'Brian - aluno irlandês em Erasmus em Delft (Holanda)


H.Mesquita

quarta-feira, janeiro 14, 2004

Aviso à tripulação 

O neurose23 já tem um servidor de comentários a funcionar, bastando carregar no sítio onde está escrito "comentaram" para se abrir a janela do enetation.
Contamos com a vossa participação.

Hedonism 

"What a mysterious sign there was on her body
which turned into a burning iron.
The drawing of a line on his back,
a sudden desire to touch his skin.
To feel for a moment the pulse on his neck,
the desire to bite it slowly,
to let her tongue slide the length of
a totally prohibited back.
A totally prohibited back...
"

Per Olov Enquist, the fallen angel, retirado do livro Metapólis - dicionário para uma arquitectura avançada

...e a arquitectura? Fodias, comias, ou casavas-te e amava-la para o resto da tua vida?



R.Bordalo

terça-feira, janeiro 13, 2004

Falha Técnica 

Por motivos técnicos alheios à RTP, o servidor de comentários cessou de funcionar.
Por tal pedimos desculpa, desejando que continue a preferir a nossa companhia.
Os desejos de uma boa noite com a melhor programação cultural.

Sedentarismo poético 

Aplicando um Tzarismo retirado dos manuais, decido-me a fazer um novo enredo televisivo.

Da cartola saem Jane Fonda, Agnes de Deus, o Fernando Rocha, um tipo gigantesco com cara de poucos amigos e cabelo "à jogador de hóquei americano" (ou futebolista checo dos anos 70, se preferirem) e cara de poucos amigos (os que não matou suicidaram-se), a Raised Aero Bed, um video clip cheio de carros brancos, mulheres em trajes menores, blusões amarelo fluorescente e rapazes a cantar em falsete, desalojados portugueses num parque de campismo holandês e um filme que mete humanos fascizóides a lutar contra insectos (dos quais não conheço inclinações políticas....ora uma pata à esquerda, ora outra à direita....).

Reagrupo o que vejo e reconstruo o enredo.

O Fernando Rocha deu à luz a uma criança sem ter relações sexuais, numa Raised Aero Bed defeituosa enquanto os rapazes com cabelo à Futre matam a Jane Fonda (já não era sem tempo) desalojada de um parque de campismo para o público de um teatro qualquer,ávido de cultura berrar impropérios a insectos que cantam em falsete em honra dos blusões fluorescentes fascizóides usados pelas mulheres gigantescas amicíssimas dos carros portugueses.

Ou nas palavras de uma banda mítica do punk rock dos anos 90 "sometimes truth is stranger than fiction".


No fundo Portugal anda só a provar que o Dadaísmo é um modelo teórico de aplicação prática.....



J.Mendes

quinta-feira, janeiro 08, 2004

Desculpe Sr. Jung 

A propósito do blog O Meu Pipi, lembrei-me de uma frase/aforismo atribuida a Jung:
"Afinal, o pénis é apenas um símbolo fálico."



R.Bordalo

quarta-feira, janeiro 07, 2004

Babycakes 

A few years back all the animals went away.
We woke up one morning, and they just weren´t there any more.
They didn't even leave us note, or say goodbye. We never figured out quite where they'd gone.
We missed them.
Some of us thought that the world had ended, but it hadn´t. There just weren't any more animals. No cats or rabbits, no dogs or whales, no fish in the seas, no birds in the skies.
We were all alone.
We didn´t know what to do.
We wandered around lost, for a time, and then someone pointed out that just because we didn´t have animals anymore, that was no reason to change our lives. No reason to change our diets, or to cease testing products that might cause us harm.
After all, we still had babies.
Babies can't talk. They can hardly move. A baby is not a rational, thinking creature.
We made babies.
And we used them.
Some of them we ate. Baby flesh is tender, and succulent.
We flayed their skin, and decorated ourselves in it. Baby leather is soft, and comfortable.
Some of them we tested.
We taped open their eyes, dripped detergents and shampoos in, a drop at a time.
We scarred them, and scalded them. We burnt them. We clamped them and planted electrodes into their brains. We grafted, and we froze, and we irradiated.
The babies breathed our smoke, and the babies' veins flowed with our medicines and drugs, until they stopped breathing, or until their blood ceased to flow.
It was hard, of course, but it was necessary.
No-one could deny that.
With the animals gone, what else could we do?
Some people complained, of course. But then, they always do.
And everything went back to normal.
Only....
Yesterday, all the babies were gone.
We don't know where they went. We didn't even see them go.
We don't know what we're going to do without them.
But we'll think of something. Humans are smart. It's what makes us superior to the animals and the babies.
We'll figure something out.


Gaiman, Neil; Angels and Visitations; DreamHaven, Minneapolis, Minnesota, 1993



J.Mendes

terça-feira, janeiro 06, 2004

Su Casa es mi Casa 3 

Em 1960, Richard Buckminster Fuller enceta um dos exercícios mais complicados para um arquitecto: construir uma casa para si à sua imagem.

A casa Fuller é um teste às suas ideias, evoluídas do complexo Dymaxion.

Tudo é simples na casa, todos os pontos se tocam.

A cúpula em que cobre o espaço dita a sua configuração: um núcleo central de serviços, fazendo a biblioteca o toque entre o quarto e a sala, a níveis diferentes, e áreas comuns colocadas na periferia.

O que é interessante na estrutura formal da casa é a analogia que Fuller faz entre a cúpula e o Mundo (vejam-se os seus estudos do World Map)
"As formas das massas terrestres são correctas, não existe alguma distorção das formas ou das medidas relativas das suas características geográficas"
É um mundo funcional, separado por ocupações (viver, dormir, comer), geométrico e pessoal.

Segundo Fuller, qualquer indivíduo deveria ser capaz de construir o seu Mundo sem fazer cedências a outros e sem os obrigar a aceitarem o seu ao mesmo tempo.

Nesse ponto reside o maior paradoxo do autor....como se defende a standartização de elementos e construção de casas pré-fabricadas e ao mesmo tempo a individualidade do lar?

O invólucro passa a ser superficial, a extensão da personalidade de cada um para o espaço é que se faz referência.

Uma casa não é a sua forma, nem o seu programa, mas o que os seus moradores lhe dão.

É uma extensão de cada um de nós, apostado em viver para lá do corpo e para dentro do Mundo.

São memórias, raizes, ideias que quando sairam ficaram coladas às paredes.

Não cortem o cordão que liga o corpo à criança do sonho
O cordão astral à criança aldebarã, não cortem
O sangue, o ouro. A raiz da floração
Coalhada com o laço
No centro das madeiras
Negras. A criança do retrato
Revelada lenta às luzes de quando
Se dorme. Como já pensa, como tem unhas de mármore.
Não talhem a placenta por onde o fôlego
do mundo lhe ascende à cabeça.
A veia que a à morte.
Não lhe arranquem o bloco de água abraçada aonde chega
Braço a braço. Sufoca.
Não limpem o sal na boca. Esse objecto asteróide,
Não o removam.
A árvore de alabastro que as ribeiras
Frisam, deixem-na rasgar-se:
Das entranhas, entre duas crianças, a que era viva
E a criança do sopro, suba
Tanta opulência. O trabalho confuso:
Que seja brilhante a púrpura
Fieiras de enxofre, ramais de quartzo, flúor agreste nas bolsas
Pulmonares. Deixem que se espalhem as redes
Da respiração desde o caos materno ao sonho da criança
Exacerbada.
Única


Última Ciência Herberto Hélder

J.Mendes

segunda-feira, janeiro 05, 2004

Su Casa es mi Casa 2 

Chegando à cidade, a casa, sinto que não moro ali.
Tudo me parece estranho, como se percorresse as ruas do costume pela primeira vez, nomeando as referências pela cor dos seus elementos ("anúncio de neon azul, casa amarela, paragem de autocarro..."), deixando-os no anonimato desejado para os redescobrir 5 segundos depois (não é a arquitectura o redescobrir as cidades?)

Na melhor das hipóteses habito aquele apartamento, mas não é a minha morada, porque essa não é existe num espaço, mas num tempo e com algumas pessoas.

Como é a minha casa? Escura e sedutora como os recantos da mente.


E não existe no mundo físico.

J.Mendes

sábado, janeiro 03, 2004

feliz ano novo 

para todos....

C.Sumares

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